Fear this queer: Amelia B. Edwards

A primeira escritora que eu comentei aqui nesse meu pequeno especial em homenagem ao mês da visibilidade lésbica foi a Violet Paget (mais conhecida pelo pseudônimo Vernon Lee ), uma intelectual da era vitoriana que deixou sua marca na literatura de terror com suas histórias de fantasmas. Hoje irei falar brevemente sobre mais uma vitoriana lésbica que colocou um pezinho na literatura de horror e com uma história de vida fascinante: Amelia Edwards.

Amelia nasceu em Londres em 1831, era filha de um banqueiro e foi educada em casa pela mãe. No livro “Monster, she wrote” (que está sendo uma mão na roda para mim esse mês me ajudando a escrever sobre essas autoras) a autora Lisa Kroger fala que desde cedo Amelia mostrava interesse e talento para o desenho, a escrita e a música, não à toa ela publicou a sua primeira história aos doze anos. Aos vinte e quatro ela publica o seu primeiro livro e decide trabalhar como jornalista para auxiliar a família já que seu pai estava desempregado.


Apesar de eu estar falando dela aqui por causa das suas histórias de fantasmas isso foi uma parte bem pequena na sua carreira, sua paixão era viajar e isso a levou a escrever vários livros sobre o assunto. Ela era uma verdadeira aventureira e uma viagem em específico mudou a sua vida: após viajar para o Egito e escrever o livro “Thousand Miles Up the Nile” ela decidiu seguir a carreira como pesquisadora. Amelia aprendeu sozinha a ler hieróglifos, foi cofundadora da Egypt Exploration Society e focou sua carreira em advogar pela importância da preservação dos monumentos e artefatos e na participação de mulheres em equipes de exploração arqueológica. O seu trabalho como egiptóloga fez com que fosse chamada de “a mulher mais estudada do mundo” pelo Boston Globe e que fosse chamada para cooperar com a Encyclopaedia Britannica (ela escreve o verbete Mummy que você pode ler aqui ). Amelia também viria a se envolver com o movimento sufragista, sendo um membro ativo da Sociedade para Incentivar o Sufrágio Feminino (Society for Promoting Women’s Suffrage) e, em determinado momento, vice-presidente da organização.


Ao contrário da já comentada Violet Paget que era conhecida por usar roupas masculinas e não fazer questão de esconder os seus relacionamentos com outras mulheres (Henry James chegaria a dizer que ela era “tão perigosa quanto era inteligente”), Amelia era mais discreta em relação a isso. Embora não tenha falado abertamente sobre isso, ela viveu ao lado de sua companheira Ellen Braysher por décadas e esta a acompanhou nas suas viagens por todo esse tempo. Amelia morreu em 1892, aos sessenta e um anos, após contrair influenza. O seu túmulo tem um obelisco egípcio no lugar de uma lápide tradicional e está do lado do túmulo de Ellen, que tinha morrido poucos meses antes.


Lisa Kroger diz que a obra de ficção de Amelia é marcada por personagens femininas inteligentes e fortes e por uma narrativa fortemente descritiva (provavelmente resquício dos seus livros sobre viagem). Lá foram existem coletâneas com os contos de terror dela, por aqui quem quiser conhecer a obra de terror de Amelia Edwards pode encontrar o seu conto mais famoso, Phantom Coach, na coletânea Vitorianas Macabras lançada pela Darkside. No conto acompanhamos um caçador que se perde no meio de uma nevasca e pede ajuda para uma carruagem misteriosa. Embora não seja muito surpreendente hoje o clima que a autora cria é incrível e o clímax é arrepiante. (quem manja de inglês pode ler ele aqui )

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