Começando do inicio...



Não sei dizer direito quando surgiu meu interesse pelo cinema, só sei que meu interesse por filmes de terror surgiu quase que ao mesmo tempo. Lembro de novinho (acho que nos meus 11 anos) eu deixar meus pais assustados pedindo pra eles comprarem o DVD de "O massacre da serra elétrica", de ver os filmes do "Sexta-Feira 13" pelo youtube e de treinar inglês vendo Sleepway Camp sem legenda (afinal nunca foi lançado no Brasil).

Quando tinha 13 para 14 anos eu vi "O segredo de Brokeback Mountain" e "The rocky horror picture show" e minha forma de ver o cinema mudou de admiração para uma paixão completa (aquelas bem adolescentes, que vem do nada e que beiram a obsessão), nessa idade eu já me achava "diferente" mas me recusava a me ver nas representações de gays que via na televisão no "Zorra total" e afins, me sentia somente... diferente. Lembro da minha família fazendo piada com o fato da globo ter decidido passar "O segredo de Brokeback Mountain", eu imaginava sobre o que era e convencia a mim mesmo que veria só porque afinal de contas era um filme que era muito elogiado e a propaganda falava sobre como ele tinha sido indicado Oscar. Me esgueirei até a sala da casa da minha avó durante a noite pra ver (ninguém tinha me proibido de ver, mas sabia que certamente não era algo que gostariam que eu visse), quando terminou eu continuei olhando para tela estático vendo o jornal que passou logo em seguida sem prestar atenção em nada do que era dito. O filme fermentou dentro de mim por dias, foi crucial para eu, desde aquele momento, dar nome aos bois e organizar a bagunça que estavam os meus pensamentos, o que eu era tinha um nome, eu era alguém normal e outro como eu existiam, obvio que a mensagem final do filme é a mais trágica possível, mas ele me deu um sentimento de dignidade em relação a mim mesmo que acho que nunca mais foi repetido por filme nenhum. Já "The rocky horror picture show" mostrou todo o lado burlesco e debochado, ser gay afinal de contas podia ser divertido, ao contrario de "Brokeback Mountain" que eu vi apenas uma vez (não quis estragar a minha experiência inicial) em uma época da minha vida eu via "The rocky horror..." todos os dias e sabia todas as musicas de cor. Sem falar que o filme ainda faz homenagem à dois gêneros que eu adoro: terror e ficção-cientifica.

Como não só de filmes cults vive o homem eu também sou apaixonado pelo cinema trash e não tenho vergonha de colocar "A camisinha assassina" junto com "Sonata de Outono" na minha lista pessoal de filmes favoritos da vida.

Já a minha relação com os livros vem de antes ainda, nem sei se vale a pena falar... Meus pais nunca foram grandes leitores, mas sempre me estimularam, para mim a proximidade com os livros é natural como respirar (o que não quer dizer que eu leia rápido, infelizmente...), ao ponto paranoico de andar sempre com pelo menos dois livros na minha mochila, mesmo sabendo que existem grandes chances de não ler nada existe a expectativa, sem falar que eles fazem com que eu me sinta confortável em qualquer lugar que eu vá. Não atoa escolhi uma profissão em que a leitura é essencial: história, mas isso fica para outro dia.

Decidi ter aqui o meu espaço, estava ansioso para ter um local para falar sobre tudo o que quero sem encher o saco alheio de quem não está interessado. Criei o blog e acabei não sabendo o que escrever logo de cara, decidi então começar pelo obvio: pelo começo.

Prazer, meu nome é Alvaro. Sou gay, gosto de cinema, filmes de terror, tranqueiras, livros e história e pretendo falar sobre isso por aqui, no geral de forma bastante pessoal e despretensiosa. Espero que goste.


(na imagem uma cena de "A hora do pesadelo 2" 1985)

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